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sábado, 4 de maio de 2013

Primeiros dias


Olá!

Dando continuidade ao texto de ontem, vou falar mais um pouquinho sobre meu retorno ao Brasil. Prometo não ficar reclamando, nem ficar comparando muito. Mas agora no começo isso é inevitável, até porque é o que eu estou sentindo.

Nos primeiros dias quase tudo aqui é irritante. 
As coisas são caríssimas e ruins (isso porque viemos de um país considerado caro).
No supermercado, tudo fora do lugar, sem preços, etc.

Nas ruas é pior ainda, o trânsito infernal, com essa má engenharia de trânsito, em que há mais carros que espaço, barulho, as calçadas são péssimas, com buracos e degraus. Digo isso porque ando com o carrinho de bebê, e eu diria que é praticamente impossível, um rally!
Não conseguir atravessar a rua na faixa de pedestres é um absurdo! Fica a dica aqui para quem dirige: respeite o pedestre! Sem contar que é lei, não é bondade. Fiquei mais de 5 minutos na rua de casa para conseguir atravessar, mesmo com bebê ninguém parou.

E a sujeira, gente? Por mais que tenham pessoas para limpar o chão e há muitas lixeiras, não vence! Tem muito lixo. Por quê? Por que as pessoas não podem guardar o próprio lixo e jogar depois, ou procurar uma lixeira mais próxima? Se cada um fizer sua parte ficaremos num ambiente mais agradável, com menos bichos e pragas, menos enchente.
No Japão não existe lixeira, sabiam? Nem na rua, hospitais, escolas, estação de trem e ônibus, etc. E não há 1 lixinho sequer no chão! Impressionante!

Ufa!

Agora respira, Fabiana... esse é o seu país. Perto de outros, ainda uma criança, com muito a aprender. (O pior é que nossa colonização foi péssima, se compararmos com os Estados Unidos que tem o mesmo tempo...)
Mas é sério, alguém me disse isso, que se eu ficasse estressada e nervosa com tudo aqui eu morreria do coração (que exagero! rs). Disseram que eu deveria relaxar, deixar para lá, afinal o Brasil é assim mesmo e não vai mudar. Eu não concordo e vocês? Esse é o pensamento conformista do brasileiro. Que se já tem lixo no chão qual o problema dele jogar também? E por ai vai.

No começo do texto eu disse que não reclamaria muito, mas foi difícil. Desculpem o desabafo!
Isso foi no começo, agora já estou mais acostumada! Eba! Que bom que o ser humano se adapta a tudo. 
Por outro lado, os brasileiros são simpáticos e gentis. A maioria se preocupa com o outro, com o vizinho, com quem nem conhece, enfim, são mais solidários.

Muitas vezes vi pessoas no Japão precisando de ajuda por estar com cadeira de rodas, ou idoso, com bebês... Ninguem se envolve nem ajuda. Eu estava em uma estação, em uma escadaria com o carrinho de bebê. Tive que carregar no colo o carrinho para descer, ninguem se prontificou em ajudar. Aqui aconteceu a mesma coisa, assim que abaixei para pegar o carrinho 3 pessoas se prontificaram, e ainda com simpatia.

Aconteceu uma cena no supermercado, um homem em uma cadeira de rodas foi fazer compras e ao colocar o saco de compras pendurado atrás, ele estourou e as compras cairam no chão. Muitas pessoas ao redor ficaram apenas olhando e disfarçaram. O coitado do homem ficou tentando pegar as coisas mas não conseguia. Nem um funcionário ajudou. Até que uma estrangeira que estava próxima pegou tudo e comprou uma sacola nova para ele.

Uma amiga caiu da bicicleta com suas compras e tudo caiu no chão e começou a rolar pela rua. Ninguém ajudou, ficaram apenas olhando. Ela deu um grito, nervosa, em português: "ninguém vai ajudar não, vão ficar olhando?" Todo mundo abaixou e começou a pegar as frutas. Foi até engraçado, parecia que eles tinham entendido (tipo novela Salve Jorge que qualquer um fala português na Turquia rsrs)

Enfim, quero dizer que nem tudo é perfeito. Minha amiga que mora há muitos anos no Japão disse que essa é a cultura dos japoneses, e que não é que eles não querem ajudar, mas eles são tímidos e não querem que você pense que eles te acham incapazes. E dizem que muitos idosos e pessoas com problemas se sentem ofendidos. Faz sentido então...

Cultura é assim mesmo, cada um tem a sua e deve respeitar a outra. 
O problema é que o Brasil é diferente, precisava começar tudo do zero, com educação, investimento em saúde, e tudo mais que estamos carecas de saber.

Espero que tenham um ótimo domingo!

Beijos

Fabi




sexta-feira, 3 de maio de 2013

Novas Primeiras Impressões: a volta

Oi pessoal, que saudades!!!

Depois de um bom tempo sem escrever nada, voltei!

Após 2 anos morando no Japão, eu queria contar um pouquinho do que senti quando cheguei aqui.

Quero que vocês percebam que moro em São Paulo, capital, então nem tudo se encaixa para outros cantos do nosso país, que é tão grande e com tanta diversidade. 

As diferenças Brasil-Japão obviamente são grandes, mas como tudo nessa vida tem o lado bom e ruim.

Assim que desembarcamos no aeroporto de Guarulhos, percebemos que realmente chegamos no Brasil.
Quem nunca foi para outro país acha que tudo está bom, por exemplo, os banheiros são velhos, sem tampas, com a lixeira transbordando, sem álcool para limpar o vaso (querer demais? rs) e muito menos aquela tampa inteligente que aquece e ainda tem ducha (hehe brincadeira, já era querer milagre).
Nosso amigo que ficou apenas 5 meses no Japão até comentou que tinha ficado muito mal acostumado e fresco, que até o papel aqui era ruim.
Os carrinhos de levar as malas são péssimos, quebrados e muito difícil de andar. Fiquei pensando na primeira impressão dos estrangeiros quando desembarcam aqui.
Acho que a construção é bonita, rústica. Nada comparado a Dubai, que é um espetáculo, mas tem sua beleza.


Para vocês babarem um pouquinho, umas fotos do aeroporto de Dubai e Osaka, onde passamos antes de chegarmos aqui. 



O Aeroporto de Dubai é simplesmente um luxo! Isso porque essa parte é interna, apenas quem vai embarcar tem acesso. Tem árvores, cachoeira artificial, a arquitetura é lindíssima. É muito, muito grande. Já passei por lá 4 vezes e não conheci tudo (com criança é mais difícil). 

O Aeroporto de Osaka, onde embarcamos é grande, bonito mas mais simples que Dubai. Tudo impecavelmente limpo.



O lado bom do Brasil sem dúvida são as pessoas. Muita alegria, oferecem informações e indicam locais. No aeroporto do Japão são todos sisudos, e a maioria até grossa, sem a menor intenção de se fazer entender. Provavelmente por eu ser estrangeira, e talvez brasileira. Mas vi como o atendimento no Brasil com estrangeiros é bom e simpático.

Logo que saímos do aeroporto, após toda a alegria do reencontro com a família, a estrada é boa, mas sentimos um medo inesplicável, como se fôssemos assaltados a qualquer momento, se alguém nos seguisse. É porque estávamos em um lugar seguro demais, e assistíamos muitos telejornais que só transmitem violência.
A saída de Guarulhos para São Paulo também tem muita favela, então fica aquela imagem feia da cidade, sabem? Quem é de fora com certeza estranha... 
E nós levamos alguns dias para nos acostumar, mas para nós, brasileiros é mais fácil.

Amanhã continuo falando um pouquinho mais sobre isso.
Beijinhos a todos e um ótimo fim de semana!!!

Fabi